Eu grito calado
Com os dentes serrados
E também com os olhos
Agoniado
Um grito com dor
De faltar espaço
E choro a seco
Sorrindo ao teu lado
Sim, choro cantando
Berro quando aplaudo
E abro em meu peito
Um infinito buraco
Às vezes me cuido
Às vezes me largo
Horas em que uivo
Noutras em que lato
Minha garganta, firo
O meu coração, rasgo
O som dum suspiro
Vale bem mil tornados
Se sopro é vida
Aos poucos me mato
Com o ar de idas e vindas
Pelo peito é arfado.
(Yussef Kalume)
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