quarta-feira, 2 de junho de 2010

O maluco não se enquadra

Tô de cara pra coroa

Mas não tô à toa

Melhor é ficar de boa

Que perder a mão


Não havendo outra pessoa

O pensamento voa

Não quero ser Rock Balboa

E nem campeão


Nunca fui honesto

Não prendi bandido

Não servi o Exército

Nunca fui ladrão


Hoje, te detesto

E sou, por ti, querido

Nunca fiz protesto

Pra encarar a prisão


Que levem os amuletos

Restam-nos os dedos

Vão-se os dedos, não calejo

Fica o coração


Se arrancar outro pedaço

Me despeço em beijos

Ergo o meu último dedo

E corto a outra mão


Nunca fui modesto

Sou até metido

Não me manifesto

Finjo ser esquecido


Digo que não presto

Escondo o coração

Distribuo o resto

Pela multidão.


(Yussef Kalume)

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