quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dilúvio

Molhou tudo

Molhou tudo

Que o meu terno de veludo desbotou


Molhou tudo

Afoguei o mundo

Só um suspiro mudo, hoje, me restou


Fiquei ilhado no Cristo Redentor

Chorei tanto que o mundo inundou

Hoje, na solidão

Não tenho sofrimento

Nem favor, nem coração


Temia voltar a amar, temia sofrer. No cume da montanha mais alta isolou-se, porém, o medo persistia. E como chorou. Foram tantas as lágrimas que, logo, tudo ao seu redor estava submerso.

Na montanha, agora uma ilha, a fonte cessava. Chorou até faltar o que chorar; até sobrar um único e abafado gemido. Ele pára, enxuga o rosto e contempla a sua volta. Onde a vista alcançava: tudo alagado. Suspira, abaixa a cabeça, dá um breve sorriso e, por fim, grita: “Nunca mais!”


Molhou tudo

Molhou tudo

Que o meu terno de veludo desbotou


Molhou tudo

Afoguei o mundo

Só um suspiro mudo, hoje, me restou


Fiquei ilhado no Cristo Redentor

Chorei tanto que o mundo inundou

Hoje, na solidão

Não tenho sofrimento

Nem favor, nem coração


(Yussef Kalume)

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