Molhou tudo
Molhou tudo
Que o meu terno de veludo desbotou
Molhou tudo
Afoguei o mundo
Só um suspiro mudo, hoje, me restou
Fiquei ilhado no Cristo Redentor
Chorei tanto que o mundo inundou
Hoje, na solidão
Não tenho sofrimento
Nem favor, nem coração
Temia voltar a amar, temia sofrer. No cume da montanha mais alta isolou-se, porém, o medo persistia. E como chorou. Foram tantas as lágrimas que, logo, tudo ao seu redor estava submerso.
Na montanha, agora uma ilha, a fonte cessava. Chorou até faltar o que chorar; até sobrar um único e abafado gemido. Ele pára, enxuga o rosto e contempla a sua volta. Onde a vista alcançava: tudo alagado. Suspira, abaixa a cabeça, dá um breve sorriso e, por fim, grita: “Nunca mais!”
Molhou tudo
Molhou tudo
Que o meu terno de veludo desbotou
Molhou tudo
Afoguei o mundo
Só um suspiro mudo, hoje, me restou
Fiquei ilhado no Cristo Redentor
Chorei tanto que o mundo inundou
Hoje, na solidão
Não tenho sofrimento
Nem favor, nem coração
(Yussef Kalume)
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