Essa é a história
De um rapaz meio sabido
Que metido a bandido
Foi parar no xilindró
E quando todos
Pareciam ter esquecido
O rapaz já mais crescido
Retornou pra Maceió
Moço distinto
Cercado pelos amigos
E até que bem vestido
Trajando seu paletó
Diz que mudou
E que ta arrependido
Que conheceu a Jesus Cristo
E deixou de cheirar pó
E esse moço
Tava no fundo do poço
Todos queriam seu pescoço
Um perdido, um Zé Ninguém
Era um grosso
Coberto por pele e osso
Hoje anda até cheiroso
Com um falar um tanto zen
As menininhas
Chamam ele de gostoso
Homem fino, de bom gosto
E que trepa muito bem
Todas querem
Que ele seja seu esposo
Os pais se oferecem a sogro
E oferecem a mãe também
Mas as beatas
Vendo ele de gravata
Dizem que isso é tudo farsa
Pra pousar de bom senhor
Pelas calçadas
Dizem que é psicopata
E que rouba e ainda mata
Como fez ao promotor
Achando graça
Ele no banco da praça
Lê jornal e estica as asas
Com uma pinta de doutor
A condução que espera
Hoje, não atrasa
Nove e meia, em ponto, passa
E ele paga o cobrador
Volta pra casa
Um tanto que convencido
Que pra ser um bom bandido
Tem que ser bom cidadão
Decidido
Resolveu virar político
Apelou pro lado místico
Tudo que é religião
Virou até síndico
E apertou mão de mendigo
Com um sorriso um tanto cínico
Pra ganhar na eleição
É preferível
Assim, tá imune ao presídio
Pois, como é, desde o princípio
Pro poder não há prisão
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