quinta-feira, 3 de junho de 2010

Uma história collorida





Essa é a história

De um rapaz meio sabido

Que metido a bandido

Foi parar no xilindró


E quando todos

Pareciam ter esquecido

O rapaz já mais crescido

Retornou pra Maceió


Moço distinto

Cercado pelos amigos

E até que bem vestido

Trajando seu paletó


Diz que mudou

E que ta arrependido

Que conheceu a Jesus Cristo

E deixou de cheirar pó


E esse moço

Tava no fundo do poço

Todos queriam seu pescoço

Um perdido, um Zé Ninguém


Era um grosso

Coberto por pele e osso

Hoje anda até cheiroso

Com um falar um tanto zen


As menininhas

Chamam ele de gostoso

Homem fino, de bom gosto

E que trepa muito bem


Todas querem

Que ele seja seu esposo

Os pais se oferecem a sogro

E oferecem a mãe também


Mas as beatas

Vendo ele de gravata

Dizem que isso é tudo farsa

Pra pousar de bom senhor


Pelas calçadas

Dizem que é psicopata

E que rouba e ainda mata

Como fez ao promotor


Achando graça

Ele no banco da praça

Lê jornal e estica as asas

Com uma pinta de doutor


A condução que espera

Hoje, não atrasa

Nove e meia, em ponto, passa

E ele paga o cobrador


Volta pra casa

Um tanto que convencido

Que pra ser um bom bandido

Tem que ser bom cidadão


Decidido

Resolveu virar político

Apelou pro lado místico

Tudo que é religião


Virou até síndico

E apertou mão de mendigo

Com um sorriso um tanto cínico

Pra ganhar na eleição


É preferível

Assim, tá imune ao presídio

Pois, como é, desde o princípio

Pro poder não há prisão

(Yussef Kalume)

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