quinta-feira, 3 de junho de 2010

Obrigado, sim. Agradecido, não.

Indispostas de tão ocupadas

Ou culpadas por tantas desculpas

Ou com rugas de tão preocupadas

Ou vermelhas com tanta vergonha

Após zombarem de quem ainda sonha

Ao matarem a quem pedia ajuda

E fugirem de quem não foge à luta


Sou filho da pátria?

Ou sou filho da puta?


Por manterem todos no sufoco


Com uma mão dá um toque

Com a outra, dá um toco


E roubarem de quem já tem pouco


Uma mão dela bole

A outra mão dá um bolo


Pelos filhos teus que ignoram


Com uma mão me afagam

Com a outra, me afogam


Por fazerem pouco dos que choram


Com uma mão me agarram

Com a outra, me agouram


Mãe gentil foi a que me pariu

Deste solo, não tenho meu chão

Natureza não é um gigante pulmão

Mas, farmácia pra quem dela USA

Por viverem iguais à sanguessuga

Presa à pulga, cujo ganha-pão

Vem às custas duma vida de cão

E um patrão que dela sempre abusa


Por manterem todos no sufoco


Com uma mão dá um toque

Com a outra, dá um toco


E roubarem de quem já tem pouco


Uma mão dela bole

A outra mão dá um bolo


Pelos filhos teus que ignoram


Com uma mão me afagam

Com a outra, me afogam


Por fazerem pouco dos que choram


Com uma mão me agarram

Com a outra, me agouram


(Yussef Kalume)

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