quarta-feira, 2 de junho de 2010

O amor não morre (História de amor entre um médico legista e sua paciente)

Tua frieza traz-me um certo desconforto

Corpo a corpo, pouco a pouco, quase louco

Delírio em sonho torto de criança

Corpo solto, corpo envolto em plena dança


Com outro olhar teria calafrio

De tão frio o corpo na cama se lança

Me alcança o cheiro forte do teu cio

Desconfio, então, do corpo que descansa


É sempre assim: após a dança dorme

Apaga como quem chega de porre

Toda minha loucura por um fio

O amor, porém, é algo que não morre.


És assim tão fria, mas te amo

Tão pouco me incomoda a palidez

Conheço bem o teu corpo sob o pano

Já te olhei por dentro uma vez


Se me deixares, sei, haverá outro

Bando de vermes! Só querem te comer

Fica aqui comigo mais um pouco

Pro teu íntimo, compreender


Abra o teu peito por enquanto

Quero, sobre ti, algo escrever

Algumas linhas, só mais alguns pontos

De vista não pretendo te perder


(Yussef Kalume)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Complete...