quinta-feira, 3 de junho de 2010

Uma nobre homenagem

Já foi prostituta

Já foi protestante

Hoje é produtora

Faz eventos grandes


Já partiu pra luta

Com a mulher do amante

Virou pacifista

Que é mais elegante


Possui vários livros

Ornados na estante

Só leu trechos bíblicos

E as figuras de Dante


Não vai ao podrão

Só em bom restaurante

Come no Porcão

E bebe no Cervantes


Deixou o major

Pra casar com o ator

Regada de pó

Jurou eterno amor


Mas lhe falta trabalho

E o Eterno acaba

Desposou o empresário

Depois o diplomata


Seu rosto estampado

Na capa da Caras

O marido ao lado

E sua filha Sara


Expõe os seus bens

Sua piscina, sua sala

O seu Mercedes-Benz

E suas jóias raras


Do lado de fora

De sua rica mansão

Alguns pedem esmola

Outros pedem por pão


E ela com cara

De Madre Tereza

Distribui as migalhas

Por toda a pobreza


Faz sua doação

No Criança Esperança

Cumpre a obrigação

Mas mantém a distância


E gasta o dobro

Em salões de beleza

Um vestido novo

E um jantar pra nobreza


Agendado pra hoje

Manicure e teatro

Uma foto, outra pose

Na visita ao orfanato


Pro lixo a comida

Que sobra no prato

Tonéis de bebidas

E ração para o gato


(Yussef Kalume)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Complete...