quinta-feira, 3 de junho de 2010

O que não sigo

Eu louvo o que não vejo

Um pouco de mim mesmo

Eu corro pros teus beijos

E morro num solfejo


Tão louco, te desejo

Qual árvore e relampejo

Sufoco de vez meus medos

E afogo, em ti, meus dedos


E busco o que não sinto

Qual mudo jogando bingo

Sou bruto quando não minto

Tão brusco enquanto brinco


E tento um novo disparo

Acerto o que não miro

Viro-me pro outro lado

Me amparo num ombro amigo


E brigo, mas não me calo

E saio buscando abrigo

Não sigo mais o meu falo

Mas falo o que não sigo


(Yussef Kalume)

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