quarta-feira, 2 de junho de 2010

Lixeira, adubo e feijão

Para a faca que não corta

Manteiga


Para quem bateu as botas

Caixão


À cabeça a quem a almeja

Bandeja


E à peleja que se segue

Canhão


Para aquilo que não serve

Lixeira


E levar o que não é leve

Feijão


Para aquele que só deve

Cadeia


E ao que deve, mas devolve

Perdão


Que falta me faz um espelho

Mas sei quem sou pelo tato

Tô devendo o mundo inteiro

Inda acho o mundo ingrato


Sim, devo, logo existo

Mas exijo o meu penhor

Sem querer ser atrevido

Faz, pra mim, outro favor?


Para a faca que não corta

Manteiga


Para quem bateu as botas

Caixão


À cabeça a quem a almeja

Bandeja


E à peleja que se segue

Canhão


Para aquilo que não serve

Lixeira


E levar o que não é leve

Feijão


Para aquele que só deve

Cadeia


E ao que deve, mas devolve

Perdão


Se o saber não leva a nada

Mostra o sábio ser um burro

Apodrece, logo estraga

Por achar ser tão maduro


Prefiro a quem fale merda

Ao menos, é um bom adubo

Em mente fértil nascem idéias

E mais outras no futuro


Para a faca que não corta

Manteiga


Para quem bateu as botas

Caixão


À cabeça a quem a almeja

Bandeja


E à peleja que se segue

Canhão


Para aquilo que não serve

Lixeira


E levar o que não é leve

Feijão


Para aquele que só deve

Cadeia


E ao que deve, mas devolve

Perdão


Pra que ter tanta riqueza?

Pra que tanto carro novo?

Sobra comida na mesa

Falta comida pro povo


Seleiros e mais seleiros

Perderás a tua vida, louco

Neste mundo, tens dinheiro

Mas, na morte, nem mesmo o corpo


Para a faca que não corta

Manteiga


Para quem bateu as botas

Caixão


À cabeça a quem a almeja

Bandeja


E à peleja que se segue

Canhão


Para aquilo que não serve

Lixeira


E levar o que não é leve

Feijão


Para aquele que só deve

Cadeia


E ao que deve, mas devolve

Perdão


Pro cachorro, tesouro é o osso

Na bandeira do pirata

Quem enterra o talento é bobo

E quem desenterra, não é nada


Não busca algo de novo

Só segue o que está no mapa

Se for cavar, cave um poço

Mas use as suas próprias patas


Para a faca que não corta

Manteiga


Para quem bateu as botas

Caixão


À cabeça a quem a almeja

Bandeja


E à peleja que se segue

Canhão


Para aquilo que não serve

Lixeira


E levar o que não é leve

Feijão


Para aquele que só deve

Cadeia


E ao que deve, mas devolve

Perdão


(Yussef Kalume)

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